quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A passagem.

Olha a mamãe aqui de novo, pra resumir sua história enquanto você estava dentro da "barriguinha"... (sarcaaaasmo!)

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Você deu alguns sustos na mamãe e no papai... Logo no começo, tive um sangramento na faculdade. E muuuuita cólica, mas muita mesmo... Graças à Deus não foi nada mas, mesmo assim, a tia Daniela (obstetra da mamãe!) pediu pra adiantar o ultrassom que faríamos na semana seguinte.
O papai não pôde ir conosco, estava trabalhando... Lamentou muito; queria estar presente na sua primeira aparição em público, rsrsrs, mas ficou torcendo por nós.
Confesso que estava meio receosa; ficava imaginando se estava tudo bem com você. Para minha alegria, você estava muitíssimo bem, e quando o médico ligou o "som" pra mamãe ouvir seu coração... Nossa, quanta emoção! Chorei... hahahahaha... Lembro das palavras dele:

"Nossa mamãe, já tá chorando?? Fala a verdade, é a manchinha mais linda que você já viu em toda a sua vida, não é???"

É. Era a manchinha mais linda, perfeita, querida... Naquele momento, você era o presente perfeito que Deus me deu. E, pra ser sincera, foi nesse dia que me senti realmente "grávida".

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A barriga foi crescendo muito bem, obrigada. Eu enxergava cada milímetro aumentado da minha barriga. Não me lembro muito bem, mas acredito que lá pela 14ª semana, comecei a perceber algo "estranho" na barriga: era você se mexendo. Foi incrível...
Li em muitos sites que a maioria das mães de 1ª viagem sentem os bebês se mexendo a partir da 18ª até a 21ª semana, mas não eu... hahahahaha... Imagina se eu ia agüentar até lá!

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Seu segundo ultrassom foi uma emoção total: deu pra ver seu rostinho!! apesar da médica não ser especialista em ultrassom 3D, ela fez o que pôde e a gente já teve uma idéia de como ia ser esse rostinho lindo... E já estava com a mãozinha na boca! Ê vício!
O terceiro, já foi mais completo: era o morfológico!!! E foi nesse dia que soubemos que você era você, Pedrinho!!! Não entendeu? Mamãe explica...
Até esse terceiro ultrassom, não sabíamos se você era menino ou menina, apesar da mamãe sentir "lá dentro" (não pergunte "dentro do quê", rsrs!) que era você, um meninão... Muita gente dizia que eu estava "sugestionada", por ser muito grudada com seu primo, Gabriel (filhote que o coração da mamãe escolheu). Mas só eu sabia que não... Eu podia ver uma vitrine cheia de coisas cor-de-rosa, mas só enxergava coisas de meninos... Podia ser apenas uma coisinha de nada azul, no meio daquele mar rosa, mas era a única coisa que eu enxergava...
Confesso que cheguei a ficar com medo no dia. E se o médico dissesse que você era a Maria Clara (esse seria seu nome se fosse menina!)? Como ia ser??? Fiquei com medo de chorar, ou rejeitar, sei lá; mãe é tudo maluca!
Bom, foi uma caravana no dia: a vovó Elza, a vovó Maísa, seu pai e eu, é claro! Entramos na sala e a primeira coisa que ele pergiuntou foi:

"Vamos saber tudo?? Cor dos olhos, sexo, pra que time torce..."

Descontraiu bem. É claro que a resposta foi um SIM: queríamos saber tudo!
Eis que ele nem bem colocou aquele aparelho na minha barriga, e lá apareceu você de perninha aberta...

"Hum, olha só... Esse bebê tá de azul..." (Fiquei pensando o que isso queria dizer... )
"Não creeeeeeeeeeeio!" (a vovó Maísa ficou meio sem reação, ela achava que era menina...)
"Azul? Como assim??" (a tonta da sua mãe funciona a ficha... que ainda não tinha caído!)
"É um menino, Li!" (responde a vovó Maísa)
"Sério, doutor???"
"Sim, mamãe, é sério... Olha o 'documentão' do garoto aqui..."

Hahaha... Seu pai não acreditou muito não. Disse que tinha de tirar "segunda via" do documento, pq não tinha enxergado... Mas se o médico tinha falado, tudo bem.
Saí de lá nas nuvens: era você mesmo, meu tão sonhado filho varão! (hahahahaha, que coisa mais antiga!!)

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Depois disso, passamos a pensar no seu quarto, no enxoval... Tudo foi feito com muito amor e carinho, pensando sempre em você. Passávamos na porta do seu quarto, e sempre ficávamos abraçados imaginando você ali...
Mais pro final da gestação, você estava cansado - e a mamãe também! - e acho que você achava que estava muito apertado dentro da barriga, pois com 34 semanas comecei a sentir contrações. Foi um susto: ainda não era hora de você vir ao mundo! Tinha que esperar mais um pouquinho...
Foram muitos repousos, injeções de corticóide pra ajudar a amadurecer seu pulmão (pro caso de você não querer esperar mesmo!), remédios para evitar as cólicas... Enfim, tudo pra você ficar mais um pouquinho dentro da barriga!
Resumindo o final... Quando o Dr. Luís (o outro obstetra!) lhe deu a "carta de alforria", você simplesmente empacou: acho que ficou com medo desse mundo maluco, e resolveu que não ia sair... Nem cólica, nem contrações... Nada!! Nem dilatação eu tinha... Foi então, na quinta-feira da última semana da gestação, que tive a notícia: ou você nascia até sábado (27/10, data prevista do parto), ou era cesárea. Na verdade, ele disse que, se eu não sentisse nada até sexta no final da tarde, eu deveria ligar pra ele pra saber os preparativos pra me internar no sábado de manhã pra uma cesárea.
Cesárea? Cesáááárea?? Cesááááááááááááárea??? Como assim, cesárea??? Eu passei os 9 meses me preparando pro parto normal!!! Bom, já que não tinha jeito... Liguei pra ele no fim da sexta-feira, e o Dr. Luís me surpreendeu mais uma vez:


"Olha, o Dr. Luís disse pra você ir indo pro hospital, que ele vai fazer sua cesárea hoje."
, disse a secretária dele.

Eu estava na rua, voltando da manicure... Quase tive um treco; voltei logo pra casa e contei a novidade pro seu pai... Ficamos os dois, com cara-de-tacho... É, ia ser naquele dia! A gente não ia mais esperar pra lhe ver!!!
Ligamos pra Deus-e-o-mundo e fomos pro hospital. Chegando lá, a recepcionista disse que ele ia chegar às 20h. Mais uma surpresa: ele chegou às 18h45... Às 19h eu estava na sala de parto, e seu pai lá, nervooooooso, com a máquina na mão... E enfim, às 19h30, você chegou ao mundo!!!
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Desculpa, estava enxugando as lágrimas. Lembrei de como foi ma-ra-vi-lho-so ouvir seu chorinho pela primeira vez!!! O som mais doce que eu ouvi em toda minha vida... E foi a primeira vez (de muitas!) que fiquei sozinha depois que você saiu da minha barriga: todos estavam à sua volta, inclusive o anestesista!!
É filhote, enquanto você esteve aqui dentro, a mamãe tinha toda a atenção do mundo. Já agora... hahaha!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Deu positivo, e agora???

Era um domingo, e eu já tinha ficado encucada com a possibilidade da sua existência... (Bendita Anali!!! Tinha que ficar me cutucando??? rsrsrs...)
Resolvi fazer um teste de farmácia, que eu tinha em casa... Deu positivo.

"Positivo? Positiiivo?? Positiiiiiiiiivo??? Impossível. O teste tá estragado."

E em meio a meus pensamentos emaranhados, seu pai bate à porta do banheiro:

"Amor?? Tudo bem??"
"Sim."
"Tá acontecendo alguma coisa?? Abre a porta..."
"Não."
"Não porquê????"
"Pq não, oras... Não tem nada, tô bem..."
"Amor, eu te conheço... Abre a porta vai..."

Não ia adiantar esconder, seu pai é fogo... Achei melhor abrir. Só não sabia como contar, até pq pra mim o teste tava errado.
Abri a porta, ainda sentada sobre a tampa do vaso sanitário, com o teste na mão e virado pro seu pai... E ele sem entender nada, perguntou:

"O que é isso?"
"Isso é um teste de gravidez."
"E???"
"E... que deu positivo." (seu pai quase caiu pra tráz, mas de euforia mesmo...)
"Jura???"
"Não"
"Como assim?? Não é um teste?"
"É, mas acho que tá errado..."
"Errado pq?"
"Pq aqui diz que as duas riscas tem que estar vermelhas, e uma delas está somente cor-de-rosa."
"Mas tá aparecendo duas riscas..."
"Sei não."
"Se deu positivo, é pq está grávida, oras..."
"Não acho, não sinto nada de diferente. Muitos testes falham; acho melhor comprar outro e refazer."
"Ok, mas acho que você está MEEEEEEESMO grávida..." (estava com um leve sorriso no rosto...)

Saímos mais tarde pra ir na casa do tio Loyola, que fazia aniversário... E antes aproveitamos e fomos na farmácia. Depois de muita escolha, e depois de dar os parabéns pro tio Loyola, e depois de me coçar pra contar pra tia Érika que eu ACHAVA que estava grávida... Voltamos pra casa, e decidi fazer o teste no outro dia de manhã, com a primeira urina (na caixinha dizia ser tiro e queda). Seu pai quase infartou de ansiedade... rsrsrsrsrs... Mas prometi que faríamos juntos no dia seguinte.
Eis que, de madrugada, lá pelas 5h da manhã, acordo numa ansiedade só, morrendo de fome e com vontade de fazer xixi. E munidos de teste de gravidez, copinho descartável e celular (precisava dele pra marcar o tempo!), lá fomos nós (pq vc já estava aqui dentro!) ao banheiro...
Até hoje me lembro do meu próprio espanto ao ver a fitinha inteira - eu disse INTEIRA! - ficar vermelha apenas em encostar na urina... Nem precisou dos 5 minutos de submersão da fita na urina que o teste pedia, ela "envermelhou" na hora, e depois o vermelhidão foi descendo, descendo, até ficar somente as duas fitinhas marcadas: uma indicando que o teste estava funcionando, outra que eu estava grávida.
Saí do banheiro ainda em "transe"... Fui comer (você já me deixava varada de fome!) umas esfihas do dia anterior e pensar na vida... Mas sendo sincera, não pensei em nada. Nem a ficha caiu.
Seu pai ia levantar às 6h, não me lembro pra quê, e eu não queria fazê-lo perder alguns minutos a mais de sono, portanto voltei pra cama e fiquei quietinha esperando dar a hora de chamá-lo, e durante esse período, um branco passou pela minha mente.
6h, hora de dar a notícia... Cheguei bem perto do ouvido dele e sussurrei:

"Bom dia, papai..."

Ele virou na hora, e perguntou se eu já tinha feito o teste (claro que sim, que pergunta... rsrsrsrs...)

"É, acordei antes e fiz... Deu positivo."
"Viu, eu disse que você está grávida!!!"
"Hum..."
"Hum o quê???"
"Nada."
"Sei não... Bom, não vejo a hora de contar pra todo mundo..."
"NÃO!!!"
"Como assim, não?"
"Acho melhor não, ainda não estou confiando nesse teste... Quero fazer o de sangue."
"Li, que bobagem... Os dois que você fez deram positivo."
"Prefiro fazer o de sangue!!"
"Ok..."

O dia correu normal, fui colher o sangue pro teste laboratorial... E disseram que ficava pronto a partir das 17h, e que podia ser retirado pela internet. Bem, que eu me lembre, foi uma enrrolação só, pq nada dava certo, pois não conseguíamos retirar pela internet... E eu ainda tinha que ir pra faculdade... Mas dando 18h, seu pai resolveu ir até o laboratório.
Quando ele chegou, a ansiedade tomou conta do nosso ser: será mesmo que nosso sonho estava concretizado?? Abri o envelope.

"Aqui não diz nada, se positivo ou negativo... Só tem números."
"Calma Li, deixa eu ver..."
"Olha, aqui tem números indicando não sugestivo de gravidez, indeterminado e sugestivo de gravidez... Tá vendo??"
"Li, se eu entendi direito, você não está grávida, está GRAVIDÍSSIMA!!!"

Eu só sabia rir. Realmente, os números não mentiam: lá dizia que os níveis de GONADOTROFINA CORIONICA HUMANA (Beta-hcg) presentes em meu sangue eram maior que 1.000 ui/l, e os números de sugestivo de gravidez eram acima de 10 ui/l... só 10!!! O meu estava acima de 1.000!!!
Foi uma risada só... A gente se abraçava, chorava, se abraçava de novo... E eu perdendo a hora da faculdade! (eu ainda estudava na UAM, em Sampa, filhote!!! 1h40 minutos de volante SEM PARAR!!!) Mas antes de qquer coisa, eu tinha que contar pra vovó Maísa... Eu sempre disse a ela que seria a 1ª a saber quando engravidasse.

"Oi mã, dá pra falar?"
"Claro filha, mas tem que ser rápido."
"Então, vou precisar de um favor seu..."
"Diga, o que é??"
"Então, não é pra agora, é lá pra outubro/novembro..." (fiz as contas rapidamente nos dedos pra saber quando você ia nascer.)
"Ã? Tá maluca Li?? Quem é que pede favor assim?? Fala logo o que você quer..."
"Áh, mã... você não desconfia?"
"Fala Li, não posso ficar enrrolando, as meninas estão tomando banho!" (ela estava no trabalho, com as gêmeas)
"Não desconfia nadica de nada??"

Foi exatamente nessa hora que ela "acordou"...

"Não!"
"Sim!"
"Nãããããããão!"
"É mã!"
"Não acredito filha, você não está brincando comigo, né?? Você está grávida?????"
"Tô mã!!! Fiz o teste hoje, acabei de pegar o resultiado na mão!!!"
"Eu te amo, filha!!! Parabéns!!!"

Não me lembro mais o que falamos, pq começou um chororô só, dos dois lado do telefone.
Depois que desliguei, saí correndo, ao mesmo tempo com cuidado, pra ir à faculdade. Seu pai se encarregou de ligar pra "Deus-e-o-mundo" e contar a novidade... Era um tal de eu receber mensagem no celular durante a viagem... Ligações e tudo mais...
Enfim, foi lindo. E foi assim que soubemos que você já estava na nossa vida desde o carnaval, e só a gente não sabia...

P.S.: seu pai diz que você é "guerreiro", pq no carnaval eu fui pra São Luís do Paraitínga com a vovó Elza, a Tia Myrian, a prima Má e a tia Tereza, pulei o dia inteiro no meio daquela multidão e, mesmo assim, você resistiu, rsrsrsrs... Fora os dias de barrigadas na piscina!